quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Linha de Fundo


Posted by Daniel at 01:09
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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

La Chicotada Psicológica


Posted by Daniel at 22:29
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Bola


João Cabral de Mello Neto (três apelidos, maradona) escreveu, num poema arriscado, que uma bola de futebol deve ser usada «com malícia e atenção / dando aos pés astúcias de mãos». Ora isto não só quase rima como é verdade. Claro que há uma parte desta receita que ninguém consegue ensinar (o último verso tem de vir de fábrica pois Mariano jamais será Zidane) mas talvez não fosse má ideia abrir os olhos dos jogadores do Porto para a importância da malícia e da atenção quando juntas no mesmo par de pernas. Sobretudo, em pessoas que resolveram dedicar-se profissionalmente ao futebol e que, por essa razão, a certa altura das suas vidas, se vêem com uma bola nos pés e, ao mesmo tempo, sob o olhar impiedoso de milhares de outras criaturas, algumas delas com blogues. Não pretendo, ao contrário do que possa parecer, que o Jesualdo avance com poesias no balneário, mas suponho que lhe devem ter ensinado, durante o curso de treinadores de nível 4, uma forma qualquer de explicar aos jogadores como se trata a redondinha, provavelmente utilizando um quadro magnético e expressões de nível 1.

Posted by Daniel at 17:50
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terça-feira, 28 de outubro de 2008

chagrin mas é o c*****


O Sporting participou em muitos dos jogos da bola mais deprimentes que já vi até hoje e acontece que me lembro de quase todos eles. Lembro-me mesmo dum em que levámos um golo do Domingos Paciência, quase no fim, e perdemos com o Porto. Sim, em Alvalade.
Mais jogos deprimentes, menos jogos deprimentes, são tudo jogos, não passa disso. "Mas são deprimentes... ", está bem, não deixa de ser verdade: deprimentes, sim, mas, lá está, jogos.
De maneira que é melhor eu ir fazer outra merda qualquer, por exemplo dormir, em lugar de vir para aqui esparramar o que penso dos problemas dos "órfãos de Nani", ou lá como se chamam os dois rapazelhos que pensam que têm talento para jogar noutras ligas que não sejam a cipriota ou a luxemburguesa (e, mesmo nessas, o Veloso duvido; este rapaz é altamente duvidoso - e do Djaló eu já nem falo, penso que seria titular da equipa feminina de sub-23 dos EUA, se deixasse crescer as mamas até, digamos, ao 32-B, e se crescesse duas polegadas naquele espaço vertical que lhe vai dos calcantes ao penteado, passando pelo escroto), das grandes questões do montenegrino maluco que pensa que tem lugar na equipa (e, já agora, tem; o montenegrino é chalupa dos cornos, mas tem lugar, de caras, aliás é evidente que faltam malucos na equipa do Sporting, toda a gente entende que por cada Pereirinha e por cada Polga tem de haver um Vukcevic, ou um Lisandro, eu diria até que tem de haver um Carlos Martins, mas isso não digo, era o que faltava, dizer palermices aqui), ou do problema do losango complicado, que nem é 4-4-2 nem é bosta nenhuma, porque, para começar, para se jogar com "vértices", e logo com quatro vértices, é preciso ter um sólido que, ao menos, tenha arestas: isto é uma geometria simples, não há arestas, muito menos limadas (e eu gostava que alguém me explicasse por que raio é preciso limar arestas fora do âmbito da carpintaria), logo, por silogismo forçado, não havendo arestas, não há arestas que se toquem, por conseguinte, ó Manu Église de Lapalice, não pode haver vértices.
Pode haver é vórtices; mas agora, com a crise, não sei. Nas crises escasseia quase tudo.
Aquele jogo com o Curral de Moinas Em Amarelo é uma coisa que eu já vi várias vezes mas que, mesmo assim, sempre que vejo outra vez sem ser nos Regionais, me espanta. E espanta-me por quê, ó meus amigos? Espanta-me porque a bola anda ali cerca de noventa e cinco minutos a ser escorraçada - e isto de ser escorraçada passa-se entre quase um batalhão de indivíduos, é desta dimensão a quantidade de "escorraçantes" - de qualquer existência desportiva que possua uma vertente geométrica, ou algébrica, ou filosófica, ou pictórica, ou literária, ou erótica, ou... eu sei lá, enfim, vai isto, "ou cinegética", ou então "que se lixem os pássaros, os passarinhos e passarões, as aves de arribação e os cucos", ou então, eu devia mas era calar-me, "estética", que o futebol possa ter.
Aquilo foi uma (mais uma) mera libertação de energia cinética, tipo "bomba para aí, que o tempo lá passa e esta merda lá há-de acabar e vamos mas é botar mais gel", por parte de indivíduos que, por razões que desconheço - e, já agora, prefiro desconhecer, embora não consiga desconhecer, de facto, mas consigo fazer de conta que desconheço e, para que conste, aperfeiçoo-me nessa merda cada vez mais -, possuem escassa energia potencial para aquele trabalho específico e, eventualmente, mesmo para quaisquer trabalhos ainda mais indiferenciados.
De maneira que sobre isto não falo e vou fazer outra merda qualquer. Por exemplo dormir, que era o que eu já devia ter ido fazer há um bom pedaço sem vos comunicar, até porque também não recebo - nem pretendo receber - comunicações dessas.
Ou destas.

Posted by besugo at 22:55
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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Figueira da Foz


Talvez seja preciso ter trocado umas quantas tardes de Sol por umas horas a jogar Gran Turismo 4 para se compreender que o circuito da Avenida da Liberdade não é uma coisa descabida, muito embora façam falta alguns ângulos rectos que, por exemplo, o circuito de Nova Iorque permite. Talvez não tivesse sido mau esticar o circuito Rua do Ouro abaixo de modo a contornar uns quarteirões, mas entendo que a lomba gigante em que essas estradas se transformaram não permita boas práticas da modalidade. Gostava de perceber como é que as cidades quentes lidam com estas situações. No Calvário o alcatrão junto às paragens de autocarro tem o bonito efeito de uma onda preta congelada a tentar comer o lancil do passeio. Isto e os óbvios buracos são tudo coisas que podiam ser integradas com interesse (estou a falar a sério) numa próxima edição do jogo.

Mas se isto dos carros foi perigoso para a minha saúde, as pessoas praticamente desistiram de mim nos tempos do CM, situação que consegui abandonar quando ainda se podia ir buscar o Pablo Aimar ao River Plate que era um valor seguro e relativamente escondido (aliás, bom ano para compras na Argentina: bem organizado o orçamento ainda era possível trazer o Walter Samuel, o Sorin e o Marcello Gallardo, já mais velhote que os outros mas um bom médio esquerdo e direito). Ainda instalei um FM depois da cisão, mas a magia tinha morrido, para sossego dos meus familiares próximos. A minha última equipa foi esse némesis dos benfiquistas, o PSV, durante oito épocas, sete títulos do campeonato holandês e cinco finais da Liga dos Campeões, todas perdidas.

Só consegui ganhar Ligas dos Campeões com o Benfica e a Naval, na altura um bom clube para se começar da segunda divisão e a concretização da fantasia de pôr a equipa da terra a jogar com o Barcelona em Wembley. À parte disso, de um playoff da Segunda Liga de Básquete com o Ginásio Figueirense e um momento em que num torneio de juniores um rapaz chamado Canita se livrou junto à bandeira de canto de seis jogadores do Benfica e arrancou para a área, nunca sofri ou torci muito pela Naval. Há várias feridas por sarar como não ter conseguido um lugar na equipa de juvenis apesar de tanto trabalho ingrato na posição mais aborrecida da história do futebol (o felizmente abolido central de marcação) ou no primeiro jogo de sempre na primeira Liga, depois de 105 anos sempre abaixo, em estreia contra o Porto, num jogo de bilhetes de 30 euros em casa, ter levado uma tareia como os outros. Amores por resolver.


Há mesmo uma parte cá dentro que lamenta não saber que post é que o Daniel já tinha prontinho para mim se a Naval tivesse espetado um ou dois secos ao Benfica. Terei que viver com isto.

Posted by Sérgio at 18:56
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Marcelo Rebelo


O fim-de-semana desportivo trouxe várias notas positivas. A mais extraordinária de todas foi a razoável manchete do Record de Sábado. Já na quinta-feira passada, ao ler a crónica do enviado especial do mesmo jornal à Ukrania, tinha ficado com a sensação de ter compreendido a relação entre as várias "incidências" em que se podem decompôr, sem perda de visão orgânica (de qualquer forma ausente) ou qualidade estética, os jogos do Sporting (no caso o Shakhtar-Sporting), o que, por representar uma revolução nos objectivos do jornal, me provocou calafrios e dúvidas existenciais de vária ordem. Com o título da primeira página deste Sábado, não só rompeu o Record com a delirante falta de imaginação e humor que sempre caracterizou a sua linha editorial, como me fez sonhar com o dia em que apareça um periódico desportivo que dê ao futebol a importância que, por exemplo, a Economist dá à economia mundial, e daí retire a natural consequência de que o humor nunca é uma distração, podendo mesmo ser um valioso instrumento de compreensão das coisas.
Mas não, o Record não nos deixa sonhar muito. Como que demonstrando que a capa de Sábado não foi um "acidente" apenas para o Porto, mas também para o próprio Record, trataram os editores de desconstruir a piadola através da exploração, pelo fim-de-semana dentro (e veremos se ficam por aqui), de ramificações possíveis da analogia entre a situação da Liga Sagres e um veículo de duas rodas, como que dizendo: "pedimos desculpa por termos brincado com os sentimentos da massa adepta do Porto no dia de ontem, mas como podem ver pelo título de hoje isto faz parte de um esquema metafórico de âmbito mais geral, em que se pretende unicamente dar uma imagem gráfica da posição relativa dos vários pretendentes ao título e dos respectivos momentos de forma, mas se quiserem a gente desiste já e pede desculpa, longe de nós tentar o humor com aspectos tão fundamentais da vida de cada um dos nossos leitores":
Mas não vamos chicotear muito o Record; ele é, apesar de tudo, o nosso melhor jornal desportivo, a par do O Jogo, do Público, do DN, do Jornal de Negócios, do O Dia, da Sentinela, do Água e Ambiente, do Meios e Publicidade ou da publicação da Ordem dos Enfermeiros.

Outra situação positiva foi o acrescento de mais outra não-preocupação ao aglomerado de não-preocupações que o Benfica me tem dado. Eu já estava extremamente não-preocupado com o Reyes, com o Aimar, com o Yebda, com o Miguel Vitor, com o Carlos Martins, com o Balboa, e com o Quique. Sinto que estou em condições de acrescentar outra não-preocupação: Suazo. O Suazo é o tipo de jogador que eu mais gosto de ver no Benfica: uma grande promessa à procura de relançar a carreira num clube que já prometeu muito, com o resultado de que ficam os dois à espera que um puxe pelo outro. Claro que me descobriram um bom defesa-direito (que consegue fazer cruzamentos em força entre os defesas e o guarda-redes, uma raridade em solo nacional) e que o Benfica é o Benfica, mas acho que não se corre o risco de acontecer Glória.

Uma última nota para o golinho do Lisandro. Se o Sporting tivesse um jogador daqueles iam mais 10 mil pessoas ao estádio por jogo do que vão agora. Há quem não compreenda isto.

Posted by maradona at 17:41
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Lagartos e lampiões


É demasiado óbvio. Das savanas do Congo até ao Mar da Gronelândia, não há uma única alma que não tenha já percebido que o Porto, esta época, pode perder qualquer jogo. Em casa, fora de portas, por vídeo-conferência. Não interessam o lugar, as circunstâncias e o adversário. Pode perder contra o Leixões, o Dínamo, o Arsenal, os Passarinhos da Ribeira e, num bom dia mau, mesmo contra a minha equipa de futebol de salão (apareçam). No entanto, esta época, o Porto já ganhou em Alvalade e empatou na Luz, sem nenhum tipo de problema. Dizer que o fez com uma perna às costas nem sequer é exagero.

Pensem nisto (um minuto basta).

Posted by Daniel at 15:42
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sábado, 25 de outubro de 2008

Directamente da traseira de um Renault 12 TL


Penso que será difícil para toda a gente reconhecer, mesmo muito no início e ainda com esperanças de que algo corra mal, a geral sapatada com que Scolari tem respondido aos (seus) cépticos. Dadas as minhas qualidades, nunca fui muito duro com Scolari, mas também nunca consegui ultrapassar a escolha dos jogadores para o primeiro jogo contra a Grécia no Euro 2004, só termos eliminado a Inglaterra nos penaltis, ter querido ir para o Benfica, a ainda existência do Ricardo como jogador profissional de futebol e aquela horrível campanha de qualificação para o Mundial da Alemanha. O trabalho raso que Scolari fez do legado de Mourinho no Chelsea não é só coisa de homem com eles no sítio; por momentos, e enquanto continuarem a jogar como se se pudesse ganhar, não só em campo, mas também com o voto do público, começo a ficar com a sensação de que ele sabe mesmo o que é que anda aqui a fazer.

"These are unsettling times at Stamford Bridge. [...] Deposed as the richest team on the planet, and with swashbuckling football delighting out on the pitch as much as their Brazilian manager's charm wins friends off it, they are in danger of becoming popular."

Aqui.

Posted by maradona at 11:56
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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Depressão


Para quem não sabe, Portsmouth é uma cidade aborrecida, do sul de Inglaterra, que tentou revitalizar a sua zona portuária com a construção de uma torre altíssima e, claro, muito moderna. Alguns críticos de arquitectura foram, contudo, implacáveis, classificando essa torre como «bimbo building», «junk food architecture» e a verdade é que o edifício parece uma encomenda de um magnata do Dubai, acometido por uma súbita vontade de plantar o seu bairro junto ao Canal da Mancha. Em 2007, referindo-se ao ambiente geral da cidade, Boris Johnson, na altura ministro-sombra da Educação pelo partido Conservador, escreveu o seguinte breve e doce comentário: «Here we are, in one of the most depressed towns in Southern England, a place that is arguably too full of drugs, obesity, underachievement and Labour MPs.».

Agora, com esta derrota em Braga e a mudança para a hora de inverno (está à porta), quão escura se tornará a cidade de Portsmouth? É que ninguém pensa nestas coisas. Só futebol, futebol.

Posted by Daniel at 13:37
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Cara taça UEFA, o «Porto A» vai a caminho, não deve tardar.


Porto B: 3 - Portsmouth: 0
(Luis Aguiar, Renteria, Alan)

Posted by Daniel at 12:42
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Para além de futebol, os portugueses também têm umas coisas a ensinar aos ingleses sobre desculpas esfarrapadas


"I wasn't happy with their sportsmanship. I haven't shaken any hands with them after the game and sometimes you get that in European games. They were playing for free-kicks and we are not that type of side. We knew they would go down easily, but there's not much we can do about that. The annoying thing is, they only had four shots on target and have scored three goals. We'll learn from the experience though."

David James, guarda-redes do Portsmouth, a conversar sobre os três secos que levou esta noite do Sporting*.

* de Braga

Posted by maradona at 01:34
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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

«You lost?»


Ontem, durante a 2ª parte do jogo do Porto, eu deveria estar a assistir à 1ª parte do concerto dos dEUS. Como saí de casa tarde, já não consegui assistir a quase nada da 1ª parte do concerto dos dEUS (era tarde quando lá cheguei) mas também perdi a 2ª parte do jogo do Porto (tinha, entretanto, saído de casa). Em resumo: nem ouvi os Pontos Negros a cantar, num lado, nem vi as nódoas negras a jogar, no outro. Não fosse o Tom Barman ter perguntado à plateia, entre duas músicas, pelo desfecho da partida, eu teria passado a noite na mais leve e feliz das ignorâncias, como aliás merecia por tudo aquilo que fiz, ao longo destes anos, dentro e fora dos relvados.

O concerto foi bom, obrigado.

Posted by Daniel at 11:40
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terça-feira, 21 de outubro de 2008

A dieta maradona


Em Junho de 2006, na segunda-feira seguinte à final de Roland Garros, caí na asneira de me incompatibilizar com a TV Cabo a propósito de uns assuntos e calhou que foi uma daquelas coisas mal acabadas, que ainda hoje me traz chatices e correspondência de várias pessoas da cadeia de cobranças da instituição, desde o rapaz em trabalho temporário ao juíz do tribunal de injunção, missivas que vou respondendo aqui e ali com o que acho ser a justiça do que se passou entre nós e, enfim, estamos nisto vai para dois anos e meio. Não sou um intruja nem me portei mal, mas também não vos vou aqui expôr as minhas razões, até porque a nossa foi uma relação bonita que me levou pela mão por caminhos novos como a banda larga ou noites aparentemente tão bem aproveitadas em frente aos - na altura em que começámos - 39 canais, ou o que era. Deu-se que segui em frente (e a TV Cabo também - acho que até mudou de nome - embora ainda hoje insista e me escreva regularmente) e decidi que passava a ter só quatro canais e um leitor de dvd. Nesse mesmo instante deixou de existir desporto em sinal aberto.

Nunca mais vi uma final (ou um jogo completo) de ténis, nem um campeonato de atletismo ou outra 'qualquer coisa que estivesse a dar', vi com esforço os Jogos Olímpicos e preciso de prever com alguma antecedência o que se vai passar na televisão quanto a futebol. Aconteceu que, sendo a minha televisão um aparelho um bocado moderno não trazia antena de fábrica, pelo que não tenho nenhuma ligada, o prédio também não, e, por sei lá o quê (preguiça?), nunca apliquei oito euros numa antena, que agora são aqueles aparelhos pretos em forma de parabólica. Uso um garfo: um garfo na parte de trás do televisor, com um dos dentes na tomada e ligeiramente torto para apontar para cima dentro do possível. Com esta manigância consigo um serviço de televisão que me permite ver a Dois e a SIC sem restrições de nenhuma ordem (alguns problemas com o som da SIC aos fins-de-semana), a RTP 1 com alguma chuva mas que ainda assim permite ver o Domingo Desportivo nas calmas e a TVI, com um som inatacável, mas praticamente sem imagem. Posso ouvir mas dificilmente vejo os Morangos com Açúcar e consegui a espaços perceber o que se passava no Estádio da Luz neste domingo, entre o que ouvia e o que lia na net (Rogério o minuto-a-minuto do Record é menos divertido mas muito mais competente).

Ouvi o tal cruzamento do Bynia e ouvi uma ou duas subidas, acho que boas, do Sidnei, numa das quais parece que quase rematou (ou passou ao Reyes?). Ouvi pouco do Suazo e ainda me chegou aos ouvidos que o Leo estava fora de forma e, talvez velho. Nunca estive tão pouco preocupado com um assunto como com o assunto do Leo e vou continuar a recusar acreditar no que quer que seja até ver com os meus olhos. Ouvi também fontes mais engraçadas (no sentido de que é uma pessoa que tem mesmo muita piada) a dizer que "o Reyes não consegue passar em velocidade um defesa esquerdo da II Liga com duas horas de jogo nas pernas", o que é um outro problema que me tem tirado o sono de uma forma que não queiram saber, como se eu não estivesse já conformado desde o Poborsky, para não dizer do Paneira, que o Benfica é uma equipa que se recusa a ter médios e extremos que centrem na linha. Pode ser que a situação se complique um pouco mais se também não houver laterais que o façam, mas mesmo nessa situação continuo a ter um sono por medicar. Sei bem do valor que o maradona atribui a um centro bem esgalhadinho, tal foi o terror que uma vez transmitiu naqueles primeiros seis meses do Nélson aqui há dois anos e que ainda lhe hão-de valer (ao Nélson) uma carreira inteira com ordenado na conta ao fim do mês. Mas se esse é, como parece, o único cavalo que tens contra o Reyes, meu querido, pode ser que ainda venhas a ter chatices sérias com um gajo que é espanhol, tem 1,75m, não perde a bola (se não estiver a correr para a linha de fundo, acção que não compreendo porque é que ainda acontece meia-duzia de vezes por jogo), e cujos pezinhos fazem passes (não vou falar aqui de remates), de preferência no meio de quatro gajos, que ainda te vão ser responsáveis por mais umas quantas intoxicações se não te pões a pau. As melhoras.

Posted by Sérgio at 15:01
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Sair do Nuno


Devido a uma pluralidade de razões verdadeiramente vukceviquiana, há mais de duas semanas que não consigo assistir a um único evento desportivo em directo, pelo que o impacto das sucessivas desgraças tem sido amortecido por sucessivas almofadas de atraso informativo. O Portugal-Albânia, por exemplo, não me fez verter um único insulto. As primeiras novidades que tive do jogo (nem me lembrei que estava a ser transmitido na televisão) chegaram a 5 minutos do fim, cortesia do fabuloso serviço de relatos em tempo real do Mais Futebol, cujos excertos relevantes passo a transcrever:

85 - É oficial: não entra mesmo! Quaresm serve Nuno Gomes que, de calcanhar isola Nani, mas o extremo atira para defesa de Begaj!!

88 - A bola não entra!! Remate de Ronaldo, de fora da área, mas ao lado!!

90 - Portugal não saiu do Nuno frente à Albânia e sai do relvado debaixo de um coro de assobios do público

O facto de Portugal não ter saído do Nuno em dois jogos seguidos foi acolhido com alarme em vários sectores. Não tendo visto nenhum dos Nunos em questão, apenas me posso dar por satisfeito com a falta de um lateral-esquerdo de raíz na selecção A (assumindo que o Antunes vai continuar a sua tranquila progressão até ao estado Paulo Torres). A ausência de um lateral-esquerdo implica uma opção suicida a menos no reportório táctico do actual regime. Se houvesse para aí um qualquer Tiago Pinto a titular nos três grandes, com hipóteses de ser chamado regularmente à selecção e de ser regularmente substituído por um extremo ao intervalo, o Nuno contra a Albânia podia perfeitamente ter sido desfeito pelo lado errado.

(Também fui incapaz de assistir ao desfazer do Nuno do Sporting em Leiria, ocupado que estava a percorrer Lisboa de uma ponta à outra num táxi que conseguiu atravessar a Avenida da República em menos de quarenta segundos, ignorando três sinais vermelhos: “Não se preocupe que isto é largo, dá sempre tempo para um gajo se desviar”.
Mas
há coisas das quais um gajo não se consegue mesmo desviar. Creio que estão reunidas todas as condições para fazer de Vukcevic o Afonso Martins da sua geração. Haja vontade política; com o meu voto já contam.)

Posted by "Rogério Casanova" at 03:32
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Coisas que, se pensarmos bem, são um bocadinho mais importantes do que o facto de a abstenção nos Açores ter sido ligeiramente superior a 50%



Este jogo preocupa-me. Já lá vai o tempo em que o Porto eliminou estes soviéticos na falecida mas honrada Taça das Taças.
Eu gostava da Taça das Taças, havia as Taças e havia, depois, a Taça das Taças, para mim isso queria dizer que era a melhor Taça de Todas: se não, não lhe chamavam assim.
Ainda por cima o meu Pai dizia-me que a tínhamos ganho uma vez, ao MTK. Por falar nisso, que será feito do MTK? Na altura, a Hungria tinha equipas boas, o Vasas de Budapeste era fodido, também, e o Honved, valha-me Deus, isto para só falar de equipas que nos eliminaram por esse tempo fora, o Ferencvaros acho que não nos eliminou, mas não sei, desses não me lembro. Enfim, o Sporting até já foi, uma vez, eliminado pelo Karl Zeiss Jena, eu era puto mas lembro-me, até porque era dado às lentes, embora nada disso seja comparável à "chapa seis" que o Porto levou no AEK, ou aos sete que o Benfica mamou em Vigo.
Siga a marinha. Vinte e quatro ou vinte e cinco anos depois, o Shakhtar (WAXTAP em cirílico, pelos vistos) tem agora muito menos jogadores cujos nomes terminem em "ov", "enko", "uk" e, mesmo, "villi" ou "adze" (que é para os georgianos que eventualmente lá jogassem na altura, embora eu continue a pensar que não havia lá disso, nos idos de 1983-84, porque os georgianos estavam quase todos no Dinamo de Tblilissi - ou de Tiblissi, para o Gabriel Alves).
Agora uma pessoa vê os tipos - no ano passado - contra o Benfica e, evidentemente, liga pouco. Nem lhe passa pela cabeça ligar a uma equipa chamada Waxtap, ainda por cima a jogar com o Benfica. Valha-me Deus: eu já fui ver um Santa Clara - Estrela da Amadora, mas enquanto me lembrar... Quando, por que carga de água, é que a gente pensa que nos vai calhar alguma vez uma equipa com esse nome? Waxtap? Nunca! Pois, mas já está e é para breve. E depois começamos a lembrar-nos dos gajos melhor, daquele contra-ataque venenoso na Luz, e começamos a pensar "e se os waxtapianos nos fazem o mesmo que fizeram aos lampiões?".
Eu bem sei que foi na Luz, fora de casa deles, mas eu sei lá se eles não nos enfiam um "pinhão" na casa deles também? Um soviético é do caraças, às vezes.
Reparem: eles iam empandeirando o Barcelona e nós, com o Barcelona, tanto podíamos ter empatado (se tivéssemos uma mija daquelas redentoras, daquelas que parece que a bexiga é um "jerrican" de 8 litros com paredes de grande compliance) como podíamos ter levado cinco ou seis (se as coisas se tivessem passado de maneira mais normal). Ora eles, o Waxtap, bem sei que foi em casa - e lá está, eles jogam melhor fora, apesar de tudo -, andaram ali a pôr o Barcelona em sentido muito tempo.
Eu não tenho grande fé neste jogo, que me desculpem os meus amigos sportinguistas. Não tenho.
Fui ver os nomes dos gajos, saltei os que são ilegíveis por analfabetos funcionais como eu e vi, lá, além do Rat (romeno e competente, muito rápido, abana o Veloso ou o nosso patrono Rochemback, ou ambos ao mesmo tempo, mas isto, palavra de honra, é abaná-los quer à ida quer à vinda) e do Srna (croata e competente; e sabidolas, atenção, já vira frangos há mais de dezoito meses, atenção, admira-me o Benfica não o ter ido buscar), o Ilsinho, o Brandão (que é aquela espécie de Adebayor em piorado, mas que faz o Yannick parecer o Mido, em pequenino), o Fernandinho (que tem um excelente nome para a bola), o Jadson (que tem uns pés excelentes, pelo menos calçados de chuteiras, isto porque me lembrei agora que há pessoas com relativa habilidade para a bola mas que possuem pés perfeitamente destroçados e relativamente pequenos - basta irem ali ver e lembrarem-se de ir medir um livro qualquer, dos que têm na estante, um dos da Editora Livros do Brasil, para perceberem ao que me refiro) e, ainda por cima, o alternativo Luiz Adriano. Chamei-lhe alternativo porque o confundo sempre com o Luís Fabiano, embora me pareça que este (o Fabiano) é menos fenomenal e mais ridículo (boxeia à "sapatada" sempre que apanha um uruguaio com cara de mau).
Meus amigos: com o Dunga, qualquer destes individuos é candidato a jogar pela selecção do Brasil. Isto é obra. Mesmo o Srna e o Rat? Sim, mesmo esses. Com o Dunga? Mesmo esses. Até o Piatov.
Vamos mas é ter muito cuidado com isto. Não se ponham aí a pensar que lá porque apanhámos o Dinamo de Kiev por alturas da sesta deles, no ano passado, e lá porque estes tipos do Waxtap vão atrás deles, este ano, no campeonato soviético (eu, em matérias de campeonatos, da Alemanha para lá é tudo soviético, excepto a Polónia: gosto muito do Lech Poznan, não sei explicar isto, são mineiros, e eu admiro quem trabalha em profundidade, o que não é o caso de José Sócrates, também era o que faltava, é engenheiro mas não é de minas), não se ponham aí com leviandades que vos impeçam de prever que, às tantas, vamos levar na quarta-feira uma tareia premonitória daqueloutra que pode vir a acontecer-nos em Curral de Moinas, ou em Paços de Ferreira, ou lá onde vamos levar a passear o Veloso e o nosso patrono, no domingo que vem.
Muito cuidado com isto.
Ainda por cima há mais dois soviéticos bons, lá: o Marcelo Moreno e o Willian (na página oficial do Waxtap está assim, "Willlian").

Posted by besugo at 23:38
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A Dieta Rochemback, um blogue com linguagem gestual



© independent.co.uk


Esta foto, nada má, apresenta dois senhores de fato, visivelmente entusiasmados com o regresso à infância. O da esquerda é conhecido, no seu condomínio, como o sexto beatle e o outro transporta, com a mão esquerda (a direita está zangada, também se vê), um pequeno caderno onde se pode encontrar, numa das primeiras páginas e em letra miúda, nervosa, um soneto intitulado «Jardel, mon amour et ma mort». Ao meio, em calções, um rapaz especialista em serenar os ânimos tenta serenar os ânimos. E lá ao fundo, bem lá ao fundo (agora é que é bonito): uma fracção desfocada de moldura humana.

Posted by Daniel at 17:42
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Domingo de vómitos (amén)


Por ter passado o Domingo com a cabeça metida dentro de sanitas públicas (as loiças de marca Roca são, de longe, as que melhor se adaptam a este tipo de actividade), cheguei ao fim do dia sem estar ao corrente da visita do Penafiel ao Estádio da Luz. De modo que foi com alarmismo desproporcionado (sem dúvida por estar física e psicologicamente esgotado, fazendo lembrar o Aimar) que recebi os súbitos festejos dos benfiquistas aqui do prédio, chegando mesmo a temer que o Benfica tivesse ganho o euromilhões. Só fiquei descansado quando, para me informar das ocorrências, liguei a televisão, e assisti, ainda antes de receber som, àquela carinha do Rui Santos como se tivesse sido ele a ganhar a lotaria americana. Vi depois um resumo sumarento: o melhor jogador em campo foi um preto do Penafiel, o único bom centro teve a assinatura do Bynia, o Reyes não consegue passar em velocidade um defesa esquerdo da II Liga com duas horas de jogo nas pernas. Este ano ainda não está perdido.

Posted by maradona at 08:46
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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Vamos ao que interessa e estejam bem


Quim
O Joaquim esteve bem, esteve ao nível de Ricardo. Penso que nem o Ricardo teria sofrido um golo neste jogo. Penso que esteve bem, o Joaquim, esteve normal.

Miguel
O Miguel esteve bem. Defendeu, atacou, andou ali. Sim, esteve bem. Mais ou menos bem.

Bruno Alves
O Alves esteve bem, é filho do Washington, esteve bem. Ameaçou marcar livres sem bufar antes de partir para a bola mas não marcou nenhum. O CR7 não deixou. Esteve bem.

Pepe
Esteve bem, riu-se muito, mas esteve muito bem, até parece que "atacou os espaços". Maravilha, Pepe.

Paulo Ferreira
Esteve bem, andou ali.

Meireles
Andou ali, mas isto de se ser Meireles e de se ser ser trinco contra a Albânia é como ser-se o "4" do Liverpool sem se ser o Gerrard: cola mal. Esteve muito bem nas tatuagens. Esteve bem, portanto.

Moutinho
Esteve como de costume. Desta vez calhou sair sem ser para o poupar a esforços, saiu porque, com tranquilidade, a "10" não sabe jogar. Nem saberá nunca. Caramba, estamos a tentar falar duma espécie de Gattuso, pelo amor de Deus, não passa disso.
Esteve normal. Enquanto esteve. Esteve bem.

Danny
Este é bom jogador. Esteve mal? Não, esteve bem. Naquele lugar é que não, mas - lá está - a discussão disso remete-nos a linchamentos de estrategas de banco e eu não quero isso. Esteve bem.

Cristiano
Este é bom jogador mas, apesar disso, também esteve bem.

Hugo Almeida
Valha-me Deus. Também esteve bem, dentro do género "eu sou uma espécie de Carlos Resende mas, desgraçadamente, deu-me para o futebol". Nem digo mais nada. Que bem esteve este, também.

Falta-me um, a sério, nem me lembro agora nem me apetece ir ver qual é. Mas também deve ter estado bem. Senão eu lembrava-me.

Eu, além de me faltar um, de suplentes não falo.
Mas, caso falasse, diria que o Quaresma também esteve bem. Pode-se chutar uma bola sem ser de trivela, mas - que caraças -, se se pode chutá-la assim, com mil zíngaros, por que não há-de assim chutar-se sempre?
Esteve bem? Esteve igual a si. Esteve imaculadamente bem, que bem esteve também, que bem.

Basta-me. Deu-me o sono.

Posted by besugo at 00:51
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A Albânia. Uma espécie de Vitória de Setúbal com menos um. Uma espécie de "tiro-vos já as peneiras, ora espreita, ó Haan, a ver".


Quem leu, na juventude, a odisseia de Mrs. Pollifax - é uma septuagenária imaginária mas não latrinária, eu posso atestá-lo, de certa forma - sabe que a Albânia é um país de altas montanhas e povoado por, essencialmente, albaneses (as).

Em tempos, os albaneses, eram famosos por não se falar deles senão pelo facto de os putos das escolas terem todos sapatilhas sem serem de marca e, se calhar por causa disso, serem fracos a jogar à bola. Também se falava deles por serem uma espécie de China cigana e, já agora, por causa de Tirana ser uma espécie de Bucareste em ponto pequeno e, sempre a abrir, em ponto muito final. São outras conversas.

Hoje, jogam à bola como há vinte anos. Nenhum Cartaxana me vem explicar que não é bem assim, é igual. Não se ajeitam mal de todo mas não passam daí.

Posted by besugo at 00:36
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Primeira e separada libertação


Por acaso, por coisas que não vêm ao caso, para mim, hoje, ainda é cedo.
Noutros dias (noutras noites) já não.
Hoje é.

Acabei de escrever uma espécie de introdução a uma coisa que, como de costume, não sei como vai - sequer - começar. Como vai acabar é, para utilizar uma frase geo-medico-parapsicológica, insondável. Como são insondáveis aqueles tipos que se envenenam com produtos químicos e, não satisfeitos com isso, ainda possuem coanas (isto das coanas fica por dentro do nariz, são estruturas um bocadinho cartilaginosas) pouco permissivas.

Interrompo para informar que coanas é mesmo coanas e que não se trata aqui de problemas de sotaque.

Bom.

Chateia-me sempre quando se começa a linchar uma pessoa. Quando se acaba de linchar uma pessoa é igual, chateia-me na mesma. Aliás, quem assistiu, há cerca de vinte anos, ao vivo ou na televisão, ao linchamento dos dois polícias ingleses em Belfast - eu, por acaso, vi na televisão e li numa revista -, nem aprecia inícios nem fins de linchamentos. Nem os intervalos.

Carlos Queiroz. Deixemos isso agora. Já se sabe que tem um excelente curriculum como adjunto de cotas escoceses e - isso também ninguém lho escamoteia - como formador de Peixes. Infelizmente sabe-se, também, que não percebe nada da bola. O que é incomodativo.
Aliás, sobre isto de não perceber pevide da bola, devo dizer que se me dissessem que o Carlos Queiroz é o maradona, sinceramente, eu nem estranhava.
Mas deixemos este tema penoso.

Proponho uma análise aos atletas que, com a a camisola das quinas envergada (meti aqui uma derivação de "verga", para quem não notou), conseguiram empatar, briosamente, ontem à noite, em Braga, com a Albânia.

Farei essa análise logo a seguir a uma merda que vou escrever sobre a Albânia. Mas como sou pago à peça (e mal pago, aliás), vou analisar isto em merdas separadas.
E se me der o sono páro.

Posted by besugo at 00:05
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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Grande jogo, jovem!


Posted by besugo at 23:16
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terça-feira, 14 de outubro de 2008

Diga 33


Não queria andar os dias nisto, mas deu-se que no sábado foi transmitida a mais importante peça de reportagem da selecção na Suécia, quando o Nuno Luz meteu o Magnusson em directo. Desde que o vi a levar com sacos carregados de urina do norte do país enquanto continuava a falar para as câmeras, que achei que este rapaz (o Nuno Luz) seria sempre uma garantia de grandes momentos televisivos. Mesmo quando passou para peças mais tranquilas, como na situação em que, numa pousada em Óbidos no estágio do Euro 2004, descrevia a textura e grau de dureza das almofadas dos quartos dos jogadores, soube sempre tirar partido da situação ("Petit, está pronto para fazer cara feia aos adversários?/oh!, eu não tenho cara bonita") e encontrar, não digo motivo de reportagem, mas uma pequena demonstração da dificuldade do seu trabalho. O Nuno Luz, quando está a decorrer um jogo de futebol, é um repórter de campo, que são aquelas pessoas que durante o tempo da partida avaliam a expressão (tranquilo/inquieto) e a posição (sentado/de pé) dos treinadores e que no fim do jogo procuram outros motivos de reportagem junto dos intervenientes, sendo que infelizmente não há Rui Costas suficientes que respondam que não têm como saber como está o ambiente no balneário porque ainda estão no relvado. A grande referência da reportagem de campo será possivelmente o Bernardino Barros, que me provocou sempre sentimentos contraditórios profundos, dado que por um lado o Carlos Daniel demonstrava nos relatos uma estima sincera pelo seu parceiro repórter de campo, e por outro lado era o Bernardino Barros. Já quem sempre me pareceu trabalhar completamente sozinho foi o Nicolau de Melo, no fundo um homem que fazia o trabalho do repórter de campo mas lá em cima na cabine da imprensa.

O que me trouxe aqui não era nada disto, mas o Índice de Massa Corporal actual do Magnusson (suponho que na casa dos 34,5), o seu cabelo escuro e a carreira do filho no Hóquei no Gelo profissional, bem como uma história que eu tinha sobre um rapaz da minha rua que viria a ser taxista e que era um entusiasta militante de dois jogadores: o Magnusson, de quem recebeu um autógrafo depois de o abordar à saída do estádio a guiar um Saab 900, e o Yuran, também chamado de Iuran por alguma imprensa, de quem sofreu o mais sincero desgosto de amor que alguma vez vi abater-se sobre um homem, quando ele se mudou para outro clube.

Posted by Sérgio at 01:46
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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

História abreviada de Bruno Alves


Há cinquenta milhões de anos, o Bruno Alves não era um bom central. No entanto, alterações climáticas, quedas de meteoritos e, enfim, algum trabalho técnico dos seus treinadores e uma surpreendente capacidade do próprio para ir convertendo os seus defeitos em qualidades, transformaram-no num jogador muito completo. Não é um central elegante como, por exemplo, o Ricardo Carvalho ou, olhando mais para trás, o André Cruz (que o maradona já aqui elogiou), o Ricardo Gomes (que o Sérgio, tarde ou cedo, acabará por elogiar) ou o Baresi (se quisermos pular fronteiras e contentar o Lourenço), todos eles capazes de antecipar os movimentos dos atacantes e médios porque todos eles poderiam, na verdade, ser atacantes ou médios, se o acaso e as necessidades das suas equipas de juventude para aí os tivessem encaminhado. Também não é um daqueles defesas rapidíssimos, como o Pepe ou o Jorge Andrade do princípio do século, ainda com os ligamentos todos bem cruzados, nem dos que usam o volume corporal, o músculo e o ímpeto como principais ferramentas para bloquear caminhos aos adversários. A esta última categoria pertencem, talvez, o Fernando Couto, o Materazzi, a maior parte dos defesas da Liga de Honra e, sem dúvida, o Sr. Alfredo que um dia, num campo de terra manhoso a que se chegava por caminhos também eles de terra (não era pêra doce lá chegar), tentou aliviar uma bola fácil, pontapeando com o seu pé gordo e descontrolada chama, o meu joelho direito, à data um dos tesouros da Humanidade. Digamos que o Bruno Alves possui, em partes desiguais, várias características de cada um desses três grupos (elegantes, rápidos, porteiros de discoteca) sem pertencer, completamente, a nenhum deles. Pertence, isso sim, a uma tribo de desalinhados que já contou, entre outros, com Marcel Desailly e Ronald Koeman. O mais certo é que Bruno Alves nunca venha a ser tão bom jogador como esses dois porque lhe faltam, no mínimo, a inteligência do francês e a cadência de golos do holandês mas espero que, pelo menos, vá tirando muitas vezes o pão da boca de leões, águias e outros animais, e acertando à bomba, de quando em vez, nas balizas que eu lhe recomendo.

Posted by Daniel at 00:03
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sábado, 11 de outubro de 2008

Antes do confronto com aqueles vizinhos da Islândia, uns que também estão a atravessar uma grave crise financeira, coitados


Gosto de quase tudo. Antes, durante e depois. Mas escrevo quase sempre, sobre quase tudo, antes.
Penso durante, é quase sempre durante que se pensa, somos ratinhos de Pavlov, sim, aquele que também tinha um cão.
Depois, enfim, já não penso muito. É como o rescaldo dos bombeiros: "ó Vitorino, está ali um monturo a botar fumo, vai lá, arrima-lhe àuga, a ver se vamos para casa".

Antes, antes é que é.

Carlos Queiroz, flor, desejo que te penetres disto: eu não admiro Lobo Antunes nenhum, sobretudo se se chamar António e for um pedante velho, isto depois de ter sido um pedante novo e, depois disso, mas antes de ser velho, outra merda qualquer; a ti, nem te admiro, nem sequer me és simpático do ponto de vista antropomórfico - sempre te vi como um adjunto, uma espécie de Nelo Vingada em "fico melhor que tu nas pantalhas".
Tu és, alias, responsável pela derrota mais humilhante da minha vida, até hoje. Foste tu que, do alto do banco da tua verborreia lenta e monocórdica, conseguiste que o Sporting levasse, em casa, seis-três do Benfica. Foste tu que, treinando(?) Figo, Balakov, Juskoviak, Cadete, tinhas ali uma equipa do caralho, conseguiste isto: levar seis do Benfica. Em casa.

Outra coisa: também foste tu, meu aroma a caramelo, que disseste - depois de lerparmos com a Itália numa fase de apuramento, lembras-te? - que te ias embora e não voltarias enquanto a "porcaria da Federação não fosse limpa". Já nessa altura te tirei o talho: "queres ver que volta sem a limpeza que agora berra ter acontecido, queres ver?". E vi, lá voltaste.

Tu devias era ser adjunto do Jaime Pacheco. És um adjunto. Um advérbio, aliás: "vulgarmente" cróio, é o que tu és.

Olha. Contra a Suécia, rapaz, tens aí o Quim, agora, esfrega-o bem: parece uma lamparina e pode ser que saia um génio de dentro dele. Um Ricardo. Há azar em se falar do Ricardo? Um génio defende penalties e dá frangos, esfrega-o bem, ao Quim, que pode ser que de dentro dele saia mais do que o que ele lá tem - e que o Ricardo tinha: génio. E mete o Meira, como fez o Scolari, a meu conselho (mas esse escutava-me, não é como tu, tu és servente de Fergusons e - olha para esta ofensa, pá, processa-me que eu quero confrontar-me contigo num tribunal qualquer - de Peseiros!), para ganhares centímetros nas áreas e nas segundas bolas.
Olha ainda: se queres ganhar centímetros noutras localizações, não fales comigo que eu também não frequento "sites" tipo aumenta o diâmetro e o perfil longitudinal da tua pila, até porque não careço desse tipo de frequência, sinto-me e sentem-me (ou dizem que sim) e basta-me assim.
Olha mais: nem careço eu, nem caroço vales.
O que ainda te vale (para não te desancar já aqui, desaustinadamente) é que eu gosto muito mais do Sporting que da selecção nacional, muito mais do Scolari que de ti e, mas isto é como punhos, não me apetece bater em mortos, sobretudo quando são licenciados nessa merda que tu és, isso de jogar às deixas, tipo líbero ou hiena. Ou passarinho abutre.
O que te vale, ainda mais que tudo, é que vamos ganhar. Mas apenas porque não dependemos de ti para isso. Era o que nos faltava.

Posted by besugo at 18:24
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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

37


Henrik Larsson, 37 anos, fez o seguinte centrozinho para o primeiro golo da Suécia contra a Hungria. Para além de bater records do mundo de simplicidade, há que referir que isto é uma coisinha tão perfeitinha que facilmente provoca o choro. Desde o André Cruz que não há ninguém no Sporting com os recursos necessários para conseguir fazer isto:

Posted by maradona at 12:07
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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Microfone


«É óbvio que o facto da Academia Sueca não ter atribuído o Nobel da Literatura ao Lobo Antunes motiva qualquer equipa mas eu penso que o mais importante é entrar sem medo no Estádio Strindberg låter lekfullt solens strålar vara subjekt och förvandlar en stillastående miljöskildring till något aktivt, e fazer o que o mister nos pediu durante a sua última prelecção de 6 horas.» - Cristiano Ronaldo, à chegada a Estocolmo.

Posted by Daniel at 13:23
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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Já não é pouco: todos os dias o Record serve pelo menos para...


...uma coisa:


*também considero que esta fotografia apresenta um dos melhores racios densidade-de-jogadores-que-eu-gosto/pixel.

**prometo que não edito mais este post.

Posted by maradona at 23:15
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Tanto antes como depois da preposição


Uma das mais belas expressões em língua portuguesa: «Porto de Leixões».

Posted by Daniel at 12:17
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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Antes faça mal que se estrague


A vida não tem corrido mal nestas duas semanas e aparentemente sou um benfiquista mais crescidinho desde a última vez que achei que a vida não andava a correr mal (anos) porque, à parte o sorriso parvo, tenho contido as euforias, o que também me faz sentir um bocado um merdas, que confunde calo com medo, sobretudo em dias de jogos, sobretudo jogos com equipas como o Leixões (tem havido anos difíceis, compreendam).

O Benfica, que saiu destas duas semanas da melhor maneira possível, teve sorte, que é um factor essencial e muito subvalorizado em períodos destes. Menos sorte com o Nápoles, que foi uma equipa fraquinha, não tão esperta como parecia e que não joga catenaccio nenhum (eu gosto tanto dos italianos a jogar à bola), apesar de ter resolvido fazer umas coisas com luvas e atacadores das chuteiras que à distância têm piada. Com o Sporting tivémos mais sorte, sobretudo na primeira parte, e tivémos Quique Flores e Paulo Bento na segunda. Ter segundas partes melhores do que as primeiras deixa-me muito descansado, mesmo que revele a ingenuidade actual do Benfica que é sempre surpreendido por alguma coisa com que não contava e que depois, na segunda parte, abre os flancos de uma forma, provavelmente ainda mais irresponsável, mas que enquanto acontecer ter o Yebda (uma pessoa que só tem 77 kgs, enfim) e o Katsouranis e, em último caso, aquela canalha imberbe na defesa, pode ir fazendo coisas destas sem que aconteçam hecatombes. Isto é tudo um bocado infantil, e até pode vir a dar chatices, mas aqueles de nós que um dia estremeceram, como quem recebe a notícia de uma doença má, quando o Ivic anunciou os planos de reduzir a largura do campo no Estádio da Luz, são arruaceiros que baste para querer de volta uma equipa que jogue em casa para descoser as costuras dos adversários pelos lados. Ando para aqui neste blogue sozinho e não preciso de mais do que ver a equipa do Benfica a perder o respeito por toda a gente. O respeito pelo valor do adversário é das coisas mais idiotas que alguma vez se inventou no futebol.

Posted by Sérgio at 16:42
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Telegrama


Podes receitar umas vitaminas para o Moutinho (que não se aguenta das canetas) e uns ansiolíticos para o Tomás (que quer as canetas do Moutinho)? Vais ver, ainda hei-de apresentar o Lisandro ao Hulk. Abraço.

Posted by Daniel at 14:11
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E eu não vi o jogo


Pelo menos no seguinte aspecto a equipa de futebol do Sporting é desequilibrada: três excelentes controladores-passadores (João Moutinho, Miguel Veloso e Rochemback) têm à sua frente três recepcionadores-finalizadores mediocres (Liedson, Yannick e Helder Postiga) e um homem que está demasiado velho para tanta falta de talento (Derlei). Liedson é um empurrador de bolas que deve estar na posse do menor racio golos/furor-ofensivo dos Urais para cá; Yannick é um perseguidor de bolas (vai para onde elas forem, mas não lhe peçam para mudar de direcção); e o Helder Postiga tem um faro para o golo qualitativamente idêntico ao do Lev Yashin. Para além do Vukcevic, não há ali ninguém do meio-campo para a frente capaz de orientar uma jogada de penetração pela defesa em conjugação com os colegas de equipa. Não se vê uma tabela que corra normalmente, uma desmarcação que não seja executada em esforço, um centro que não seja principalmente um alivio (e que ao menos fossem bem feitos). Gostava de ver o Quique Flores ou o Jesualdo Ferreira a treinar estes jogadores.

Posted by maradona at 10:08
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domingo, 5 de outubro de 2008

Adivinha neo-realista


Ainda fiz umas tentativas com a antena, mas o único sucesso que obtive foi umas punhadas ofendidas e anónimas na parede contigua com o quarto do lado, quando o entusiasmo produzido pela voz inocente e doce do Paulo Torres a comentar uma jogada do Helder Postiga trouxe em definitivo a televisão do cimo da cómoda para o baratoso chão de xisto, repercutindo-se, em vidros, transistores, relés e som, por todo o aposento daquele albergue literalmente espanhol. Ainda mais fantasticamente, tratava-se de uma Radiola. É provável que não saibam da marca Radiola. Para os profundamente incultos: as televisões Radiola eram iguaizinhas às Philips menos 5 contos. Suponho que naquele tempo se poderia beneficiar do mesmo volumoso desconto se estivéssemos dispostos a suportar as letras "Radiola" em vez das prestigiosíssimas "Philips" no frontespicio de quaisquer outros produtos de ligar aos 220 volts, mas não quero causar esperanças infundadas a ninguém. Pois há exactamente quase vinte um anos também fiz cair uma televisão Radiola ao chão, também do cimo de uma cómoda, também por causa de um jogo do F.C. Porto que também me produziu por toda a pele o mesmo suor suicida por não se estar a apanhar bem o cabrão do sinal e que também terminou com 2-1 a favor do Porto. Mas dessa vez a bola era cor-de-laranja e havia lá uma pessoa a correr que se chamava Madjer, sendo que este último factóide, por mais distante que seja o futuro, vai fazer um eterno bocadinho de diferença.

Posted by maradona at 23:38
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Jornada de luta


«Num derby, costuma vencer quem está pior» é uma frase sem sentido, tantas vezes repetida que corre o risco de se transformar em verdade portátil, daquelas que se levam para todo o lado: tabacarias, filas de hipermercado, grandes avenidas, balcões de café, corredores da Assembleia da República, elevadores exíguos, aviões da Ryanair, reuniões de condomínio, táxis, mesas de restaurante, salas de espera, tascas e caves, roulottes de bifanas, sardinhadas, portagens, estações de serviço, ruelas de Alfama, Caminho de Santiago, Serra da Malcata, piscina da Granja, embaixada portuguesa em Paris, linha amarela, A29, castelo de Ourém, ponta de Sagres, naus quinhentistas e fundo do mar, festas de Natal para empresas, saraus em pavilhões desportivos, colóquios da Gulbenkian, jantares românticos, vídeos caseiros, stands de automóveis, parques de estacionamento, institutos de línguas, terraços com vista sobre a cidade, clubes recreativos, casas de férias, parques de campismo, barbearias, reportagens de exterior, excursões a Conímbriga. É preciso agora travá-la, impedir que a frase prossiga, às nossas custas, o seu projecto imperialista. Camarada, junta-te a nós nesta marcha de luta. Hoje, domingo, pelas 16 horas (estando bom tempo).

Posted by Daniel at 13:30
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sábado, 4 de outubro de 2008

...do Porto, se Deus quiser


Ainda não percebi muito bem o registo disto. Peço, mesmo, desculpa, pela rima tosca da parte final da minha primeira frase.

Sinto-me pouco à vontade. Se me ajudarem, talvez melhore. Senão, vou para casa. Basta um sinal e vou.

Eu sou sportinguista e acho que o Sporting é o melhor clube do mundo mesmo quando leva do Barcelona e do Benfica e ganha, apenas, ao Belenenses e ao Basileia. Tudo clubes cujos nomes começam por "B". Faltará o Bschacktar e, antes disso, o Bporto, para desfazer ou prosseguir esta saga de iniciais?
Não sei.

Sou médico, também. Mas não trato aqui de purulências. O Carlos Martins é um abcesso, o Bruno Alves um quisto pancreático, mas eu aqui não trato doenças de ninguém.

Sou, de certeza, o mais velho dos amigos que me convidaram a escrever aqui sem sequer me conhecerem.
De certeza.
Ora vejam: em 1980, ou seja, há 28 anos (e atenção, já me morreu uma miúda de 28 anos, com um cancro no estômago, deixou de respirar exactamente no dia em que o Sporting devia ganhar, em Alvalade, ao CSKA de Moscovo, e não ganhou, e eu só vi a segunda parte, só vi os golos deles, foi uma derrota total, um vinagrete que me soube a quimioterapia paliativa pelos cornos abaixo), há 28 anos, dizia eu, eu era o defesa direito titular indiscutível e polivalente, como um dia hei-de contar-vos detalhadamente (se me deixarem), da equipa de futebol do 2º ano de Medicina da Universidade do Porto. Jogavam-se as vidas, por essa altura, no campo do CDUP, que era um relvado "consoante". Consoante chovia ou não, o relvado variava entre o pelado com ervas e o ervado propriamente dito.
Sou, também, pouco liberal. Detesto a economia de mercado. Mercado, para mim, é ir ao peixe, aos cogumelos e à hortaliça.
Sou conservador. E pouco conservado. Tenho, aos quarenta e oito anos, os mesmos vícios e virtudes que tinha aos vinte. Ou seja: pouca coisa de ambos.
Não perceberei mais da bola do que pessoa nenhuma, sobretudo do ponto de vista das pessoas todas que cuidam perceber dela, da bola. Outrossim - sabe-me bem escrever isto, "outrossim", fora do meu espaço íntimo, sim (outro caralho doutra rima) -, quem me conhece bem, sabe que nunca separei a bola das outras coisas que há sem ser a bola, se é que as há. Falo dessas minudências tipo "tenho dores e tu estás a olhar para mim com pena, quero que se foda a tua pena, escreve essa merda a fogo no escroto!", e que é essa singela falência pessoal "inseparativa" que me prejudica do ponto de vista do "assertivismo futebolístico", se é que se pode dizer assim.
Sou caucasiano, embora um bocadinho acastanhado da tez, peso 90 quilos e meço-me todos os dias. Dá-me sempre, a medição, por muito que me agache, entre os 182 e os 184 centímetros. Isto, evidentemente, teso.
Claro, isto são os emprestados biométricos de besugo, que os dados têm sempre seis faces e eu tenho uma só.
Para começarmos bem: o Sporting vai ganhar amanhã ao Porto e o filho duma grua do Rochemback, que não marcará golo nenhum, vai ser titular...

Posted by besugo at 21:24
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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Obrigado Obrigado Sá Pinto


"O futebol em Portugal tem igualmente uma doença, que alguns treinadores insistem em perpetuar, com ou sem variações, e essa doença chama-se “futebol apoiado”. É o futebol pedrotiano, de passe mais ou menos curto, mas sempre controlado, de segurança (porque os jogadores portugueses, agora como em 1970, são baixos, têm todos bigode, são morfologicamente menos formidáveis do que os demais europeus e têm de jogar de maneira contida para não serem atropelados), cuja escola ainda hoje é o maior obstáculo a um desenvolvimento pleno do futebol português, que desde os anos 60 até hoje consegue criar, como que sem querer, dos melhores jogadores do mundo. É o futebol da posse (e não só da bola, trata-se da posse como conceito), como se o jogo, que pertence a todos, se pudesse possuir, se pudesse coagular em unidades discretas infinitamente padronizáveis – como se o fluxo que o futebol é se pudesse parar pela propriedade."

Tó Portela, no Obrigado Sá Pinto.

Posted by maradona at 22:13
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A antecipação ao seu dono


Este post foi, reparei agora, uma tentativa de dizer retorcidamente o que o Valupi disse neste outro post de modo claro e simples um dia antes de mim. Mas que a ética não mobilize o sentido de justiça do Valupi: não será necessário que o Valupi peça desculpa publicamente por ter repetido em antecipação aquilo que eu disse 24 horas depois de maneira complicada.

Posted by maradona at 19:26
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Passear no campo


Nem sei bem como tudo isto aconteceu, de tão improvável que era. Até custa a acreditar, mas a verdade é que os embates entre o Porto e o Sporting deixaram de ser jogos de futebol para se transformarem num ritual, mais ou menos divertido, que culmina agora, invariavelmente, no implacável e triste resultado de 2:0, favorável ao inimigo. No último jogo em Alvalade, o Porto conseguiu criar cerca de 527 oportunidades clamorosíssimas para marcar, teve 98% de posse da bola que interessa e, no entanto, em contra-mão, o Helton acabaria por sofrer (ainda que anestesiado) dois golos fabricados por geração espontânea, um método muito popular no estado do Texas mas que se julgava desaparecido na Europa do século XXI e na arquitectura de Tomás Taveira. A única proeza estatística do Sporting, nesse jogo, foi ter contado com 140% de Pereirinha. Também a mim me parece pouco mas, olhem, chegou para as encomendas e foram muitas. Mais tarde, na final da Taça, e apesar de eu me ter deslocado a Lisboa como forma de intimidação, os excelentíssimos senhores artistas resolveram seguir a mesma receita 2 ponto 0, esperando pelo prolongamento apenas para reforçar a inevitabilidade daqueles números. Nessa tarde, se bem se lembram, foi possível assistir a duas acrobacias de Rodrígo Tiuí, ave rara, exemplar insólito de uma subespécie quase extinta, desde que empresários sem escrúpulos começaram a dizimar as margens do rio Xingu, aniquilando centenas de pássaros-jogadores que aí habitavam, felizes, como não poderia deixar de ser, mas aos quais ninguém augurava grandes voos. Foi uma verdadeira calamidade porque Tiuí nem sequer é «sinónimo de golo», podem confirmar no dicionário.

Depois veio o Verão. Talvez no Algarve fosse diferente pois é impossível descer mais, nesta terra melancólica, sem cair de trombas no mar. Não foi diferente. Descemos ainda mais. E desta vez com justiça, o que é terrivelmente aborrecido. Mal tinha o Lucho acabado de pousar a mala de férias, já a Supertaça ficava arrumada com dois golos assinados pelo mesmo poeta, um enquanto Yannick e outro na sua - muitas vezes incompreendida - fase Djaló. Resultado: duas redondilhas para eles e nem um quadrazeca para nós, tão azuis. Assim vamos de literatura. Espero que se mudem as agulhas e que a suprema e inexorável força do destino transforme o Sporting-Porto, de novo, num jogo de futebol. Mesmo que seja preciso perder por 3:0, desta vez. Ou 4:0, outra vez.

(Escrevendo a última frase, o autor empalidece e desmaia, com razão.)

Posted by Daniel at 12:35
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Quando o Benfica ganha eu penso no Rui Costa


Assistimos, na quarta-feira à noite, nas declarações após o jogo Sporting - Uma Equipa de Futebol da Suiça, a contar para a segunda jornada da fase de gupos da Liga dos Campeões, a um encadeado de pequenas revoltas perante o comportamento que os 22 mil e qualquer coisa cidadãos que se deslocaram ao Século XXI tiveram quando confrontados com o que lá se estava a passar (e que não foi bonito). Argumentou inclusivamente um dos colaboradores de campo da equipa do Sporting que não sei quem uma vez estava a levar 3 sequinhos em casa e que mesmo assim o público incentivava e aplaudia a sua equipa. Era isso que vocês queriam, não era?, meus filhos da puta? Serem aplaudidos e incentivados mesmo que não joguem um caralho, não façam três passes seguidos entre pessoas com a mesma camisola, o João Moutinho insista em tentar fazer chapéus ao guarda-redes de livre directo e festejem que nem loucos golos que vão aparecer no Watts da Eurosport? Vejo com tristeza e frustração que se continua sem perceber que é esta intransigência estética e moral que torna o adepto português a verdadeira mais valia do futebol nacional, e que foi ele, e não as academias e os métodos de treino e tal, que criou o futebolista português tal como ele é: uma pessoa que tendencialmente joga bem futebol, e que mesmo quando não joga bem futebol sabe perfeitamente o que é que teria que fazer para ser considerado um bom jogador de futebol. Este saber instintivo do que é que é necessário fazer a cada momento para que se seja considerado um bom jogador de futebol é uma riqueza cultural sem preço, e cuja Torre do Tombo se situa no somatório das reacções dos adeptos a cada jogada e a cada jogo. É um saber colectivo guardado em milhares de assobios, foda-ses e filhos da puta, uma linguagem inapropriada para a familia, mas de transmissão imbativelmente simples e eficaz entre os elementos da população que se interessa por isto. O magnifico produto "jogador de futebol português" é, pois, o produto deste imaginário construido literalmente à caralhada. Em vez de se queixarem, deviam agradecer; ou, pelo menos, ficar calados.

Posted by maradona at 11:19
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Uma forma de acção


Penso que ajo também em nome dos outros colaboradores neste blogue ao deixar aqui desculpas generalizadas à população pelo limitado espectro de temas que aqui serão abordados. Assim, é provável que se oiça falar muito do Porto, Sporting e Benfica, e pouco de Guimarães, Varzim ou Arrentela; muito da Primeira Liga, Campeonato Inglês e Liga ds Campeões, mas pouco da Taça de Portugal, II Divisão B, Campeonato Húngaro ou das pré-elimitarórias e posterior fase de grupos da Taça UEFA.

Posted by maradona at 11:01
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quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O baile


Tirando a noite de sábado em que posso ter-me excedido um nadinha sem razão, tenho sido simpático com os sportinguistas e hoje até nem vi a segunda parte do jogo por causa das coisas. Durante a manhã falei com dois deles que não fizeram outra coisa que não contar-me que não esperavam nada do jogo com o Basileia, isto é, esperavam o pior. Aliás, na verdade ouvi uma coisa ainda mais extraordinária: o maior receio vinha do que poderia vir a acontecer aos jogadores após o resultado. Isto fez sentido por uns segundos, mas percebi pouco depois que há medo do que possa acontecer a uma equipa do Sporting a seguir a um jogo independentemente do que se passar em campo. Não há nenhum resultado que sossegue aquela gente.

No Porto, por exemplo, é indiferente para qualquer atleta o que tenha acontecido no último jogo. Desde que a direcção lhes apresente todas as semanas o vídeo das suas famílias sequestradas em que exibam um jornal do dia, eles tratam de aparecer em campo e fazer o que lhes pedem.

O Benfica vive do jogo seguinte, em que por vezes chegamos mesmo (sim, sou eu) a decidir antecipadamente qual vai ser o resultado e preferimos não ver o jogo. Eu vivo num estado permanente de terror de qualquer jogo em que o Benfica participe, sobretudo se puder ganhar. Deve ter havido três jogos ao todo em que me convenci que a equipa estava a jogar melhor que o adversário (um dia digo quais foram). De resto, não há nenhum jogo em que aceite que estamos a dar baile.

Convinha ficar claro que desde que eu vi o Toni, por sistema, a tirar os dois laterais em simultâneo a dez minutos do fim e segredar umas coisas ao Isaías, que me convenci que o mais natural é ganhar o jogo, seja qual for o resultado àquela altura. Fui ver jogos daquele plantel do Artur Jorge com o Milão descansadíssimo quanto ao resultado (por acaso perdemos), mas o meu problema é o baile. Tenho uma incapacidade total de compreender que o Benfica está a jogar bem. Quanto a resultados, fui também ver o jogo da segunda mão com o Bayern de Munique depois de levarmos quatro secos lá, com a certeza absoluta que davam a volta e não fui ver o jogo da segunda mão daquela eliminatória com o Celta porque estive de cama quinze dias com uma broncopneumonia e tinha o trabalho de fim de curso para entregar. Isto para dizer que vou ao estádio amanhã e vou passar o jogo a olhar para o Reyes e ver se me consigo enganar a mim próprio e convencer-me que a vitória por 3-0 foi justa.

Posted by Sérgio at 01:37
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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Faltam apenas 5 minutos


Apesar de faltarem apenas 5 minutos, e de continuar preocupadíssimo com toda uma série de situações e até pessoas (o Carlos Martins, por exemplo: não sei, francamente, se o rapaz já conseguiu dormir desde Sábado), estou bastante calmo em relação ao evento para o qual faltam apenas 5 minutos. Os jogos do Sporting estão a decorrer de forma tão pouco surpreendente que um empregado de limpeza em part-time no MIT já teria sido capaz de elaborar um modelo de simulação capaz de prever rigorosamente a época inteira Não estou prolepticamente incomodado com o tropeção do Abel, nem com o remate fraco do Postiga, nem sequer com o resultado final (1-1). Só quero é que ninguém venha chatear o Paulo Bento daqui a 95 minutos, especificamente com o argumento de “quanto melhor o plantel, pior o trabalho do Paulo Bento”. Está mais que na hora de as pessoas adultas pararem de fingir que este plantel é melhor que o do ano passado. Este plantel não é melhor que o do ano passado, e o do ano passado já não era bom. Nenhum plantel pode ser bom quando o jogador mais rápido do meio-campo é o João Moutinho.
(Especialmente contra-producente foi a contratação definitiva de Izmailov, cujo hábito de “correr muito depressa até àquele sítio ali onde há poucas pessoas” transmite uma perigosa ilusão de velocidade aos colegas; as constantes desmarcações de Izmailov no contexto do meio-campo do Sporting são tão pertinentes como os ziguezagues de uma mosca dentro de um carro parado, mas ninguém tem a crueldade necessária para dizer a um simpático trabalhador do Leste que ele deve estar quietinho, por isso a situação vai manter-se).
O mérito de Paulo Bento foi construir um “modelo de jogo” (cf. Obras Completas de Jesualdo Ferreira) que tira partido das virtudes dos seus melhores jogadores. Como é sabido, as virtudes dos melhores jogadores do Sporting, são a calma (Rochemback e Veloso), a birra (Vukcevic), a ambição desajustada (Romagnoli) e a dramatização técnico-táctica do consumo simultâneo de ecstasy e cannabis (Yannick). Os jogadores mais criativos do Sporting são criativos no sentido clássico do termo: ficam parados a olhar para um sítio e as cabeças enchem-se de possibilidades. Paulo Bento deu-lhes um palco para pensar. A jogada-padrão aperfeiçoada por Romagnoli é a de fintar dois adversários e fazer o terceiro adversário parecer o Lilian Thuram. Paulo Bento deu-lhe a bola - e deu-lhe a confiança necessária para nunca se livrar da bola antes da terceira finta. Yannick corre muito depressa sem bola? Atirem-na lá para a frente e deixem o rapaz sorrir naquela fracção de segundos entre o passe e a recepção. Não há nada que Paulo Bento não faça para que esta gente pareça toda mais feliz do que é na realidade. Se eu fosse treinar-me amanhã a Alvalade, não tenho dúvidas de que a primeira coisa que o homem faria seria dar-me um frasco de maionese e um blogue.

Posted by "Rogério Casanova" at 19:41
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Se fizerem uma matriz enquanto lêem o texto vão ver que percebem tudo e que é tudo lógico


Quando o Sporting estiver a entrar para a segunda parte da sua partida contra o Grasshopper, perdão, Basileia, eu estarei a entrar para o início do meu próprio jogo. Os dois eventos realizar-se-ão a uns meros 4 quilómetros (o equivalente a seis horas-rochemback) de distância um do outro, e, bem vistas as coisas, para além de no meu embate de titãs não existir ninguém em campo que me faça lembrar a Sarah Palin em louro, pouco mais nos separa. Nem a energia com que transmitimos a nossa ambição: uma das metas da minha equipa (capitaneada por um escocês, que é para verem o estado de degradação digno-fisico-técnica a que cheguei) será ganhar um jantar lá para Julho de 2009; o objectivo do Sporting (cujos melhores jogadores já pensam no dia em que participarão numa vitória das suas futuras equipas sobre o Sporting, como foi o caso do Carlos Martins aqui há dias, que vi jeitos de o rapaz me contrair uma rotura total do ligamento cruzado anterior da felicidade tal a exuberância dos festejos), segundo o jornal Record, é, e passo a citar, "chegar à 3.ª ronda com 3 pontos". Tendo em conta o volume histórico futebolístico do adversário, vamos ver se não sucumbimos a tanta ambição. É verdade que os reforços do Sporting custaram tanto dinheiro como o Benfica vai gastar com o Cristo Reyes (o homem que, mesmo alicerçado ao relvado com precauções anti-sismicas, ajudou a crucificar em barrotes de extase e pregos de euforia o Carlos Martins), e eu sou sensível a essas merdas, mas há que, pelo menos, saber simular para o exterior um pouco mais de desejo. Como observou João Vieira Pinto (o homem que em 93 festejou os golos em Alvalade já com o risinho de quem sabia vir a ser jogador do Sporting no futuro) naquele programa do Carlos Daniel no Domingo passado: o "Sporting foi jogar a Barcelona como o Trofense vai jogar a Alvalade". As pessoas do Sporting parecem acreditar que o Basileia vem jogar a Alvalade como se fosse o Manchester United a ir ao Trofense.

Posted by maradona at 15:57
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Evidentemente



Não percebo em que aspecto é que isto não é óbvio para toda a gente.

Obrigado ao Filipe, pela capa.

Posted by Sérgio at 12:05
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