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Bola


João Cabral de Mello Neto (três apelidos, maradona) escreveu, num poema arriscado, que uma bola de futebol deve ser usada «com malícia e atenção / dando aos pés astúcias de mãos». Ora isto não só quase rima como é verdade. Claro que há uma parte desta receita que ninguém consegue ensinar (o último verso tem de vir de fábrica pois Mariano jamais será Zidane) mas talvez não fosse má ideia abrir os olhos dos jogadores do Porto para a importância da malícia e da atenção quando juntas no mesmo par de pernas. Sobretudo, em pessoas que resolveram dedicar-se profissionalmente ao futebol e que, por essa razão, a certa altura das suas vidas, se vêem com uma bola nos pés e, ao mesmo tempo, sob o olhar impiedoso de milhares de outras criaturas, algumas delas com blogues. Não pretendo, ao contrário do que possa parecer, que o Jesualdo avance com poesias no balneário, mas suponho que lhe devem ter ensinado, durante o curso de treinadores de nível 4, uma forma qualquer de explicar aos jogadores como se trata a redondinha, provavelmente utilizando um quadro magnético e expressões de nível 1.

Posted by Daniel on quarta-feira, 29 de outubro de 2008 at 17:50