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Passear no campo


Nem sei bem como tudo isto aconteceu, de tão improvável que era. Até custa a acreditar, mas a verdade é que os embates entre o Porto e o Sporting deixaram de ser jogos de futebol para se transformarem num ritual, mais ou menos divertido, que culmina agora, invariavelmente, no implacável e triste resultado de 2:0, favorável ao inimigo. No último jogo em Alvalade, o Porto conseguiu criar cerca de 527 oportunidades clamorosíssimas para marcar, teve 98% de posse da bola que interessa e, no entanto, em contra-mão, o Helton acabaria por sofrer (ainda que anestesiado) dois golos fabricados por geração espontânea, um método muito popular no estado do Texas mas que se julgava desaparecido na Europa do século XXI e na arquitectura de Tomás Taveira. A única proeza estatística do Sporting, nesse jogo, foi ter contado com 140% de Pereirinha. Também a mim me parece pouco mas, olhem, chegou para as encomendas e foram muitas. Mais tarde, na final da Taça, e apesar de eu me ter deslocado a Lisboa como forma de intimidação, os excelentíssimos senhores artistas resolveram seguir a mesma receita 2 ponto 0, esperando pelo prolongamento apenas para reforçar a inevitabilidade daqueles números. Nessa tarde, se bem se lembram, foi possível assistir a duas acrobacias de Rodrígo Tiuí, ave rara, exemplar insólito de uma subespécie quase extinta, desde que empresários sem escrúpulos começaram a dizimar as margens do rio Xingu, aniquilando centenas de pássaros-jogadores que aí habitavam, felizes, como não poderia deixar de ser, mas aos quais ninguém augurava grandes voos. Foi uma verdadeira calamidade porque Tiuí nem sequer é «sinónimo de golo», podem confirmar no dicionário.

Depois veio o Verão. Talvez no Algarve fosse diferente pois é impossível descer mais, nesta terra melancólica, sem cair de trombas no mar. Não foi diferente. Descemos ainda mais. E desta vez com justiça, o que é terrivelmente aborrecido. Mal tinha o Lucho acabado de pousar a mala de férias, já a Supertaça ficava arrumada com dois golos assinados pelo mesmo poeta, um enquanto Yannick e outro na sua - muitas vezes incompreendida - fase Djaló. Resultado: duas redondilhas para eles e nem um quadrazeca para nós, tão azuis. Assim vamos de literatura. Espero que se mudem as agulhas e que a suprema e inexorável força do destino transforme o Sporting-Porto, de novo, num jogo de futebol. Mesmo que seja preciso perder por 3:0, desta vez. Ou 4:0, outra vez.

(Escrevendo a última frase, o autor empalidece e desmaia, com razão.)

Posted by Daniel on sexta-feira, 3 de outubro de 2008 at 12:35

Este comentário foi removido pelo autor.

Deus queira que empatem.

mais umblog the besugos a armar aos donos da bola...não há pachorra

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