Fascículos de besugo - 4
Vai jogar-se amanhã a final da Taça da Liga, que é uma competição prestigiada, apenas, pelo facto de o Sporting ter estado em 100% das suas finais, embora, até agora, tenha saído derrotado em 100% delas.
Esta última estatística deverá, amanhã, passar a ser de 50%. Acredito nisto ainda mais do que na conquista do título nacional, título esse que considero praticamente inevitável derivado a uma data de raciocínios que efectuei nos últimos dezoito minutos e, fundamentalmente, porque uma preta que faz aquilo dos búzios assim mo garantiu, mediante nota de vinte euros.
Deixemos isto. A final da Taça da Liga é tão "bola" como o que vou contar-vos a seguir.
Esta última estatística deverá, amanhã, passar a ser de 50%. Acredito nisto ainda mais do que na conquista do título nacional, título esse que considero praticamente inevitável derivado a uma data de raciocínios que efectuei nos últimos dezoito minutos e, fundamentalmente, porque uma preta que faz aquilo dos búzios assim mo garantiu, mediante nota de vinte euros.
Deixemos isto. A final da Taça da Liga é tão "bola" como o que vou contar-vos a seguir.
Como sabeis, bastando a quem não sabe consultar o meu perfil (que é helénico), eu vivi um ano nos Açores. Em São Miguel.
Fui para lá trabalhar e, se calhar, apesar de rimar, por lá devia ter ficado. Adiante.
Fui para lá trabalhar e, se calhar, apesar de rimar, por lá devia ter ficado. Adiante.
O certo é que, enquanto lá estive, tentaram convencer-me a praticar vários desportos. Ele era o mergulho, mas eu tinha medo das embolias gasosas e não fui; ele era a natação (nadei no mar, sempre cinzento da areia preta), ele era o futebol de onze (ainda fui ao União Micaelense mas lembrei-me do Malaquias e os senhores sabem que uma ilha é sempre pequena demais para crimes e humilhações), ele foi o futebol de cinco. Ora aí está, o futebol de cinco.
Aquilo jogava-se entre colegas e o campo, que era de cimento liso, ficava para os lados da Fajã de Cima, perto do lugar onde está agora o novo Hospital, penso eu. Na altura, aquilo era um recinto pertencente a um Centro Psiquiátrico, ou assim. Já não me lembro bem.
O certo é que se disputaram ali alguns renhidos jogos de bola, muitas vezes com doentes internados à baliza (e alguns deles enxarcados de psicotrópicos), por falta de quorum externo.
Que queres tu, besugo?
Nada, acabo já.
Aquilo jogava-se entre colegas e o campo, que era de cimento liso, ficava para os lados da Fajã de Cima, perto do lugar onde está agora o novo Hospital, penso eu. Na altura, aquilo era um recinto pertencente a um Centro Psiquiátrico, ou assim. Já não me lembro bem.
O certo é que se disputaram ali alguns renhidos jogos de bola, muitas vezes com doentes internados à baliza (e alguns deles enxarcados de psicotrópicos), por falta de quorum externo.
Que queres tu, besugo?
Nada, acabo já.
Na primeira jogatana eu ainda não estava habituado à humidade micaelense. Estava calor, não era um calor excessivo, mas havia ali (julgo que ainda há) sempre uma abafação húmida que fazia "aganar" sem aviso.
Foi o que me aconteceu.
Um toca e foge pela ponta direita, um receber a bola (impecavelmente) cinco metros mais à frente e, depois, chutar cruzado, ao segundo poste, grande golo, voltar para trás a festejar sozinho, sempre em aceleração... e cair para o lado.
Foi o que me aconteceu.
Um toca e foge pela ponta direita, um receber a bola (impecavelmente) cinco metros mais à frente e, depois, chutar cruzado, ao segundo poste, grande golo, voltar para trás a festejar sozinho, sempre em aceleração... e cair para o lado.
Falta de ar, suores, a malta à minha volta a dizer "o gajo vai morrer" e eu a pensar "filhos da puta, sois médicos como eu, foda-se, safai-me!", e um a sussurrar, o que me sossegou, "dai-lhe só espaço, o tipo fuma e só chegou aqui há um mês, ainda não se habituou a correr respirando água".
Fiquei mais calmo com a voz do entendido e aquilo era verdade, ou devia ser, porque me quedei ali deitado alguns minutos, num muro, depois arribei e fui lá para dentro outra vez, com fome de fintas.
Nunca mais me aconteceu um abafanço destes, depois disso. Também não admira: há muitos anos que não jogo futebol de cinco a respirar água das ilhas.
Fiquei mais calmo com a voz do entendido e aquilo era verdade, ou devia ser, porque me quedei ali deitado alguns minutos, num muro, depois arribei e fui lá para dentro outra vez, com fome de fintas.
Nunca mais me aconteceu um abafanço destes, depois disso. Também não admira: há muitos anos que não jogo futebol de cinco a respirar água das ilhas.
E chegou, entretanto, o Futsal, até há um Ricardinho e um Bebé que jogam isso. E um Zezito, este é do Sporting e tudo, já meio cota.
Cheira-me que o Veloso vai acabar aí, no Futsal: "Miguelito, jogador do Sassoeiros, acaba de entrar, substituindo Gonçalinho".
Mas amanhã ganhamos. Até por isto tudo. Olhai, ganhamos até pelo facto de o guarda-redes dos outros, naquele dia, aquele que bati com classe e subtileza antes de me dar a sufocação que me ia fazendo desertar dos vivos, ser um dos esquizofrénicos internados naquela área para-desportiva e, para ser sincero, dever estar esse indivíduo com semelhante moca de drogas enfiadas pela esplancnologia abaixo que só lhe faltava um miligrama de alprazolam adicional para adormecer entre os postes. Chamava-se Quinzinho Moreirinha.
Isto também é bola, vou-me mantendo em relativa paz, já não tenho mais sítio nenhum onde escrever, de maneira que penso que isto pode ficar aqui.
Cheira-me que o Veloso vai acabar aí, no Futsal: "Miguelito, jogador do Sassoeiros, acaba de entrar, substituindo Gonçalinho".
Mas amanhã ganhamos. Até por isto tudo. Olhai, ganhamos até pelo facto de o guarda-redes dos outros, naquele dia, aquele que bati com classe e subtileza antes de me dar a sufocação que me ia fazendo desertar dos vivos, ser um dos esquizofrénicos internados naquela área para-desportiva e, para ser sincero, dever estar esse indivíduo com semelhante moca de drogas enfiadas pela esplancnologia abaixo que só lhe faltava um miligrama de alprazolam adicional para adormecer entre os postes. Chamava-se Quinzinho Moreirinha.
Isto também é bola, vou-me mantendo em relativa paz, já não tenho mais sítio nenhum onde escrever, de maneira que penso que isto pode ficar aqui.
Posted by besugo on sexta-feira, 20 de março de 2009 at 20:01
Permalink
Este Besugo tem uma dimensão humana desmedida. Aqui ou no mucho é um prazer aceitar o convite que nos faz: Olhai!
Posted by Anónimo | 21 de março de 2009 às 02:17
Belíssimo texto. Vamos lá ver se passam a 50%.
Posted by Mono | 21 de março de 2009 às 13:08
ora aqui está um fasciculozito, bem bonzinho.
O melhor é guardar e mais tarde encadernar, capa dura de pele verde com dourados.
Posted by Anónimo | 21 de março de 2009 às 15:49
Acho muito interessante a sua abnegação em participar neste ninho de lagartos, mas vá, você escreve muito bem sobre outros assuntos e com muita piada: não abandone o Mucho! Não sei, nem tenho de saber, o que prescreveu àquela maltinha que de lá bazou, mas pense assim: que besugo não respira água...? Volte a pegar naquilo, poramordedeus!
Quanto ao fascículo, fiquei mais calmo. De véspera, o Doutor engana-se sempre!
Posted by JoãoG | 21 de março de 2009 às 16:11
Aquilo que me incomoda é que, apesar do Sporting ir mais forte para logo, o futebol é injusto como uma prostituta que foge com a nossa carteira depois de nos ter drogado a bebida.
Espero, naturalmente, estar enganado, como em tantas outras vezes.
Abraço
Posted by Erk | 21 de março de 2009 às 16:12
O Sporting, sportinguização e arbitragem
O Benfica ontem jogou pouco, mas foi o suficiente para ganhar a um Sporting que desde há 30 anos vem sofrendo de uma doença degenerativa: a sportinguização.
Uma pessoa, um clube, uma empresa, um partido ou um país, sportinguiza-se quando passa a contentar-se com vitórias morais e a não se lamentar com as sucessivas derrotas que vai acumulando.
Foi assim com a humilhação histórica sofrida aos pés do Bayern, que nem sequer está a jogar nada de especial: o Sporting nem sequer foi a jogo e acabou com 12 golos (!) no saco.
Mas o Sporting pode levar abadas de todos os clubes menos de um: o Benfica.
Assim, aproveitando o facto de o árbitro ter sido iludido pelo movimento do ombro de Pedro Silva e assinalado o penalty que repôs justiça no marcador, o Sporting e o núncio do BES, Soares Franco, vieram dizer o que Maomé não disse do toucinho.
Como de costume, os media - por natureza anti-benfiquistas - cavalgaram a onda como não fizeram no penalty fantasma assinalado contra o Benfica nas Antas (aquele mergulho de Lizandro...), como não têm feito nos sucessivos penalties duvidosos que em 2009 têm levado o FC Porto ao colo, como não têm feito nestes 20 anos de papado do filho de árbitro Pinto da Costa.
A arbitragem portuguesa é má? Não tenho dúvidas. A generalidade dos árbitros portugueses é corrupta? A minha convicção é a da generalidade dos portugueses que gostam de futebol e dos estrangeiros que seguem atentos o futebol português...
Não tenho dúvidas que os "responsáveis" do Sporting aproveitarão este jogo para expiar as suas culpas.
Mas também não tenho dúvidas que o Benfica foi um justo vencedor da Taça da Liga.
Viva o Benfica!
http://www.blogarcadia.blogspot.com/
Posted by Anónimo | 22 de março de 2009 às 20:24
Este comentário foi removido pelo autor.
Posted by besugo | 23 de março de 2009 às 00:57