O dia dos meus
Alvorada às sete da manhã, tudo alinhado. Em pijama. O mais novo a mandar vir. "Cale-se, recruta!". Calou-se.
Hino do Sporting, cantado por mim (desistimos da Maria José Valério na primeira volta, por razões óbvias), gravado em DVD, ali, a minha voz possante a cantar o hino, ali tudo em sentido, com imagens alusivas à passagem de Yazalde, José Carlos, Pinilla, de Francceschi, Dé, Salif Keita, Negrete, Ouattara, Sá Pinto, Pedro Barbosa, Balakov, Figo, Alexandre Baptista, Figueiredo, Juskoviac, Balakov, Yordanov, Jordão, Fernando Gomes, Jaime Pacheco, Fernando Mendes - o que não é chalupa e patarata, o que teria a idade do meu pai, se pudesse -, Geo, Péridis, Jardel, João Vieira Pinto, Luís Manuel, Paíto, Lourenço, Miguel Garcia, Waalcks, Peter Houtmann e Meade, Simão, Quaresma, Ronaldo, Hugo Viana, Varela, Manuel Fernandes, Oliveira e, finalmente, Silva, esse batráquio, por Alvalade, isto entre outros, incluindo Katzirtz, Meszaròs e Lemajic. E Costinha. E Mário, o "queixada").
E ... puxem por mim.
Bom.
Sete e um quarto: pequeno almoço. Bem bom, o queijo da serra, com o sol a abrir pela névoa adentro e fazendo derreter restos de neve no Marão. E excelente o pequeno almoço, cada um discursando, entre mastigadelas (e ao som do "Era uma vez na América"), boas recordações de jogos com o Benfica. Eu, é aquela memória dos 7-1 em Alvalade. Há quem prefira os 3-1 que lhes demos na Luz, irritando 90% das pessoas que estavam em Manteigas a ver a neve, há 3 ou 4 anos. Lembras-te, lolita? Não deves lembrar-te.
Ninguém está autorizado a pensar, sequer, nos 3-6 do senhor professor Queirós. Ninguém.
Após repouso, para banhos e lavagens de dentes, chegam as 9 horas. Iça-se a bandeira do Sporting no quintal, no que dá para a rua. Canta-se o "My Way", em versão Juve Leo, e juntam-se pedras, que é para atirar aos filhos da puta que, depois, hão-de passar por ali a berrar "olhós lagartos!", o que os define imediatamente como lampiões ou adeptos do Lobrigos ou do Santa Marta ou do Vila Real ou do Chaves e, portanto, dignos de apedrejamento soez. Aliás, estive até agora nisto de apedrejar, que até me doem os braços. E só vim para aqui porque se me acabaram os paralelos e a polícia já começa a desconfiar que aquela merda de estarem 377 corpos estendidos em frente da minha casa, sem sinais vitais, pode ter que ver alguma coisa com a bola e comigo.
Entretanto houve almoço. Frango e batatas fritas, sempre a pensar no Moreirettoquim. Por causa das batatas fritas e, sobretudo, do frango. Eu só como peito.
Para dar ambiente, as habituais músicas dos Miseráveis e uma dos Oasis, mas esta só para foder a cabeça aos putos, que gostam do United, os Gallagher são do City, de maneira que há que criar alguma crispação dentro das hostes para as manter alerta.
E, às tantas, estávamos nisto, tocaram-me à campaínha e era a Maria José Valério. Ainda havia paralelos, de maneira que deve estar deitada ali em baixo com a polícia.
O meu Pai veio cá e disse que precisa de compor o telhado e eu disse que sim e expliquei-lhe a táctica para logo. Mas ele foi-se embora ainda eu ia no defesa central do lado do Abel. É um sportinguista que não me liga, o meu Pai. Por ele, ainda se jogava em WM. Era interior direito, aliás, o meu Pai. Jogou na Académica e eu detesto Coimbra por isso, excepto o Dr. Manuel António, que me vai dar oncologistas. Ou não. Eu acredito que não, que nem o Dr. Manuel António me vai dar seja o que for. De Coimbra, nem boa cona nem bom doutor que dê.
Eu retiro isto imediatamente. Peço desculpa. Não se vem para aqui dizer cona e assim.
Está agora tudo, aqui, numa espécie de retiro. Os meus filhos estão a ler coisas sagradas sobre os cinco violinos (embora me pareça que o fazem ao som da Dido... e um deles, pelo menos, o mais velho, está a namorar, nem vou lá acima para não ter de distribuir panfletos com as costas da mão nas ventas de ninguém).
Fui olhar para a bandeira. Que linda. Verde. Vou equipar-me com o fardamento Stromp logo que possa (tenho de emagrecer uns quilos, mas não como nada desde o almoço, deve dar, deve servir).
Telefonei ao Paulo Bento, para o telemóvel do costume, mas fui reencaminhado para o meu hospital, donde me reeencaminharam para o telemóvel do Rochemback. Isto é bizarro e dá medo, mas é verdade. Reencaminharam-me para o telemóvel do Rochemback e eu só lhe disse "olha a minha responsabilidade de andar a escrever num sítio destes e vê lá se consegues fazer o mais fácil, que é ir jogar com a merda do Benfica sem medo do Benfica, e ganhar a esses meninos de caca, diz isso aí à canalha e fazei-me isso!".
E, depois, por falar em medos, a Maria José Valério ainda se mexe, de maneira que tenho de ir tratar disso duma maneira qualquer antes que me venham carregar outra vez na campaínha e seja ela.
Às dezanove horas e trinta chegam as francesinhas. É porreiro papar francesinhas no aquecimento.
Posted by besugo on sábado, 21 de fevereiro de 2009 at 18:07
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Krpan.Faltou o Krpan.
Posted by Anónimo | 23 de fevereiro de 2009 às 11:58