Não sei se apenas por causa do posicionamento das câmaras de filmar ou se também por outros motivos mais subtis, a qualidade da realização televisiva dos jogos de futebol, nos estádios da Madeira, é sempre tão terrível que qualquer partida se assemelha a um combate entre dois clubes amadores da terceira divisão chilena. No entanto, ontem, visto no ecrã, o
golo do Cristian Rodriguez pareceu-me muito bom; o que significa que, sem a distorção insular, se deve tratar de um golo extraordinário, uma obra-prima do nosso tempo (menos uma hora nos Açores) e da eternidade que hoje começa, com o Porto em primeiro. Mas esse magnífico remate, a ter ocorrido como o imaginamos, não deve impedir que se diga aqui, neste blogue multicultural, que o Cristian Rodriguez fez, até agora, uma época mazinha, com cerca de vinte passes errados para cada momento de glória. E isto também não significa, por amor de Deus, que o Cristian Rodriguez seja mau jogador. Pelo contrário, é um jogador ainda jovem e com um punhado bastante razoável de qualidades, entre as quais se destaca uma arreliante agitação de «mosca à volta da lâmpada», capaz de cansar um morto, quanto mais um defesa. Por outro lado, Rodriguez é, provavelmente, o único extremo, em toda a Europa civilizada nestes assuntos da bola, que cabeceia melhor do que centra. Bem-vindos à fabulosa complexidade do ano 2009.
Posted by Daniel at 13:10
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